Sine Qua Non (8c), Itatim/BA – Foto: Richard Steidel

 

Bianca Castro – ou Bibi como é carinhosamente chamada por todos que a conhecem – começou a escalar na rocha e no muro ainda menina. Participou de campeonatos desde os 11 anos de idade, fez muitas vias na parede e, depois de um tempo afastada, está de volta com muita garra e muitas vias pra mandar. Conheçam um pouco mais desta grande escaladora!

 

Nome: Bianca Castro
Idade: 25
Cidade: Rio de Janeiro

 

Quando e como foi o seu primeiro contato com a escalada?
A curiosidade pela escalada surgiu quando meu pai, que escalou na década de 70, me apresentou os equipamentos que ele utilizava na época. Porém ele nunca me levou para escalar, até que um dia, no início de 1998, nós estávamos passeando pelo centro do Rio e vi em uma academia um muro de escalada. Fiquei super animada e no dia seguinte voltei à academia para experimentar. Acho que menos de um mês depois fiz minha primeira escalada na rocha, a via “Infravermelho” nos Coloridos. Mas a verdade é que desde pequena eu sempre “escalada” tudo que via pela frente: grades de prédios e casa, portas, armários, etc. Então talvez eu escale há mais tempo do que eu contabilizo!

 

Quando você começou a frequentar os muros indoors ? Já arriscava participar de campeonatos naquela época?
Meu primeiro contato com a escalada, como disse acima, foi em um muro de uma academia no centro. Pouco depois, me associei e comecei a frequentar o Centro Excursionista Brasileiro – CEB, onde tem até hoje um murinho de escalada. Foi no CEB onde participei de minha primeira competição, acho que em 1998 mesmo, e o legal é que até hoje algumas pessoas vêm comentar comigo que se lembram desse campeonato.

 


Uglo, O Anti-Social Extensão (8c), Salto Ventoso, Forroupilha/RS – Foto: Flo Hartmann

 

Com que idade você ganhou seu primeiro campeonato, conte um pouco de como foi naquela época.
Acho que eu tinha 11anos quando ganhei meu primeiro campeonato. Foi um campeonato que teve no CEB e eu empatei em primeiro na categoria infantil com o Caio Gomes, amigo meu até hoje.

Competi bastante no início dos anos 2000, havia vários campeonatos aqui no Rio. Eu gostava bastante de participar de competições, mas não mantinha um treino específico para elas, porque a escalada em rocha sempre me atraiu mais. Voltei a competir em 2012, depois de 7 anos afastada das competições, o que serviu para me motivar bastante e hoje, quando há uma competição, eu tento participar.

 

Você ficou um tempo afastada dos treinos, muros e campeonatos, porque ?
E como resolveu voltar ???
Fiquei um tempo afastada da escalada, na verdade. Em 2005, eu distendi meu dedo e tive que parar de escalar. A volta coincidiu com o estudo para o vestibular de Direito e tive que retardá-la. Durante a faculdade o período livre era relativamente escarço e os interesses eram outros. Além disso, o que mais pesou foi o fato de ter que retomar a escalada “do zero”, o que não foi muito bem aceito por mim na época.

No fim de 2010, eu percebi o quanto eu sentia falta da escalada e finalmente aceitei que a volta à escalada devia ser gradativa, mas que com paciência a forma volta. Foi o que aconteceu e em um pouco mais de um ano já estava escalando melhor do que quando parei em 2005.

 

Desde  que voltou como tem sido a sua rotina de treinos?
Em minha opinião, o treino exige um planejamento e comprometimento que nem todos os escaladores estão dispostos a ter. Acho que não basta ir ao muro duas ou três vezes na semana e ficar somente fazendo movimentos aleatórios, a sistematização, e seu cumprimento, é o segredo da evolução.

Anualmente, eu estabeleço vias que eu quero encadenar e um grau que eu quero atingir. Comecei a treinar sistematicamente em janeiro de 2012 e o resultado dos treinos é minha maior motivação para continuar treinando. Em apenas um mês de treino organizado, consegui encadenar meu primeiro 9a, que era o objetivo do ano de 2012!

Hoje, minha rotina de treino consiste em treinar no muro de escalada indoor Evolução duas vezes na semana e malhar na academia, os músculos que utilizamos menos na escalada, também duas vezes durante a semana.

 


Crux com Filezão (10a), Barrinha/RJ – Foto: Guilherme Ferraz

 

Você tem escalado em rocha também  Está com algum projeto em vista?
Todo final de semana é destinado à escalada em rocha, que é o objetivo das horas de treino durante a semana. Estou com algumas vias projetadas, mas a via da vez, a que eu estou mais pilhada de entrar, é a Migalhas Indecentes (9c), localizada no Campo Escola 2000. Posso dizer que é uma via muito cruel, pois quando começa a parte mais difícil, não tem nenhum descanso e passar magnésio é um problema. Mas a via é muito linda e completa, além de, na travessia final, onde não há proteção, o controle do psicológico ser decisivo para a cadena.

 

E para 2014, quais são os seus planos ?
O plano de sempre é escalar o máximo possível. De concreto, já tenho viagem marcada para escalar Red River Gorge, nos Estados Unidos, quero escalar muitas vias de 9c e 10a, além de, quem sabe, tentar mandar meu primeiro 10b. Para isso, quero continuar treinando com disciplina, me mantendo motivada sempre. O que definitivamente eu não quero este ano é a quantidade de lesão que eu tive ano passado.

 


Sinos de Aldebaran (8c), Serra do  Cipó/MG – Foto: Antonio Paulo Faria

 

Pra finalizar, qual o conselho que você dá para as meninas que querem começar no esporte?
Escalada é um universo amplo e cada escaladora tem que descobri onde se encaixa e o que mais gosta de fazer dentro dele. Encontrando seu lugar, a diversão é garantida.

Às que querem se comprometer mais com o esporte, dediquem-se e busquem treinar que a evolução é mais sólida e rápida.

 

Bianca Castro conta com o apoio das marcas: CAMP, Cassin, Deuter, Edelweiss, Evolução, Five Ten, Sapo Agarras e Verticale.

 

Entrevista concedida ao Site Mulheres na Montanha em fevereiro de 2014
Por:  Adriana Mello

 

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