Escaladoras: Adriana Mello, Lu Maes e Rosane Camargo – Foto: Jana Menezes

 

Para todas as Mulheres do Mundo e principalmente às que ajudaram a tornar realidade.

 

Quando ouvi o nome dessa via fiquei fascinada, havia pouco estava morando no taquaril, e mirava todos os dias a face em que a via havia sido conquistada, além de ouvir com grande entusiasmo o relato da primeira repetição da via,nossa, alucinante! Precisava ir lá, ver com meus próprios olhos. Consegui convencer meu parceiro que não curtiu muito o estilo da via logo no começo, me passando a ponta da corda. Toca pra cima! Guiei a primeira, uffa, guiei a segunda, glub, 4+ exposto.. imagina o quinto que vinha a seguir! Resolvemos descer e foi uma das poucas vezes que desisti de uma via. Ai que danou, não a esquecia um só minuto, não via a hora de retornar, e a chance chegou! Cordada feminina! Viva! Adriana Mello, Rosane Camargo, Jana Menezes e eu toca toca pra cima mulherada!! Mas o calor estava tão insuportável que depois da terceira cordada descemos, mas fiquei feliz, pois fizemos a terceira enfiada. A vontade de terminar a via era absurda, e tentei convencer meio RJ a voltar lá comigo.

Mês passado, depois de quase um ano recebo um email da Ana Alvarenga, me convocando para fazer a via. Ela pegou no meu calinho, pois ela sabia que só assim, falando da via me convenceria a sair de salinas, e ficar 6h no ônibus pra chegar a Petrópolis. Estava muito ressabiada, pois recentemente torci o pé, quase desisti um dia antes, mas a vontade era tanta que as 7:30 estavamos na base da via, a Ana guiou as duas primeiras, que eu já havia feito duas vezes, dando segurança vi um quati passeando na base da montanha, achei um bom sinal. Guiei a terceira novamente, linda d+ com um matinho amigo pra salvar do perrengue!

 


Lu Maes e Ana Alvarenga

 

Agora sim, tudo novidade, dali pra cima o bicho pega. 4 cordada, a mais forte da via, um sexto grau, em diagonal, e com lancinhos tensos, pois as chapas não eram tão perto. Foi uma emoção terminar a enfiada. A Ana subiu limpando e estávamos tensas, pois a próxima enfiada é um dorso muito legal e exposto, não queria guiar de jeito nenhum, com= medo de machucar o pé, a Ana encarou com a maior proeza e tb uma grande pilha que eu coloquei, pois, sabia que ela era mais do que capaz! A cordada era realmente muuiitttoo exposta, e a Ana ficou tensa! Quando ela chegou na parada ouvi a frase célebre do dia!

“lú eu vou te matar. Nunca senti tanto medo!”

Hhiii quase rapelei dali, mas fui a caminho da fera, chegando na parada fiquei feliz com o sorrisão dela, me agradecendo a motivação, bom d+ Sexta enfiada, um pouco exposta, mas tranqüila, fui pulando de platôs em platos de mato, escalando alguns pedaços, trepando outros matos, até chegar a parada. A felicidade era imensa, pois nos demos conta de que chegaríamos no cume, finalmente! Não estava acreditando! Mas o dia estava passando e bem rápido.

A Ana guiou rapidinho a sétima, apesar de um grampo tenso em uma bolha no meio do caminho. Surpresa ao chegar na ultima enfiada, um quinto grau, lindo, técnico, de agarras abauladas que consegui guiar rápido, vibrando a cada costura, cheguei no final da via, vibrei, cantei, assoviei, e chamei a Ana pra festa, comemoramos muito, mas, não fomos ao cumezinho da agulha, pois a noite chegava. A sensação de missão cumprida foi ótima, tirei um peso dos ombros, rapelamos rapidinho e chegamos no chão com luz, apesar de termos feito a trilha de noite, comemorando com aquela cervejinha no fim do dia.

Meninas, pra todas vcs a repetição da via

“Todas as mulheres do mundo”

 

Por Lu Maes

 


Escaladora Lu Maes – Fotos: Adriana Mello