A prática do montanhismo, em particular da escalada, no imaginário popular sempre foi, e talvez ainda seja, ligada a imagem masculina. Apesar disso, a presença das  mulheres nas montanhas do Brasil e do mundo foi razoavelmente constante.

A primeira mulher, da qual se tem noticia, que subiu uma montanha foi Marie Paradis que em 14 de Julho de 1808 realizou a segunda ascensão ao Mont Blanc no vale de Chamonix, França, com 4807 metros de altura, a mais alta montanha da Europa. Mesmo sofrendo com os efeitos da altitude, Marie esteve no cume da montanha com um grupo de amigos liderados por  Jacques Balmat, na época com 46 anos,  que vinte e dois anos antes havia subido a montanha pela primeira vez. Ao que parece, o evento rendeu a ela fama e reconhecimento.

“No Brasil, a primeira ascensão feminina que se tem notícia foi realizada por Henrietta Carsteirs (de origem inglesa) em 1817, no costão do Pão de Açúcar.  Logo que Henrietta desfraldou a bandeira inglesa no topo do Pão de Açúcar, os recrutas da então Escola Militar da Praia Vermelha se sentiram desafiados e, no dia seguinte, substituíram a bandeira inglesa pela bandeira nacional”. Essa é uma das primeiras frases pronunciadas num curso de iniciação para contar sobre a história do montanhismo no Brasil. Logo em seguida é mencionado que a conquista do Dedo de Deus, em 1912, considerada o marco inicial da prática da escalada no Brasil.

Em janeiro de 1921, Hilda de Oliveira, irmã do fundador do Centro Excursionista Brasileiro (na época Centro dos Excursionistas – CE ou Centro), Ilton de Oliveira – foi sua primeira associada. E a partir daí elas estiveram sempre lá. O CE era um lugar que recebia vários imigrantes e, portanto, foi um agente muito importante na difusão da prática do montanhismo em geral e em especial da prática feminina. Várias mulheres recém-chegadas do exterior, ou filhas de imigrantes, acostumadas a prática de esportes de montanha na Europa se associaram. Acabaram sendo exemplo para outras mulheres.

Muitas foram as conquistas de novas rotas e trilhas realizadas pelos associados e guias do Centro dos Excursionistas, não só no município do Rio de Janeiro, mas também nas serras de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, até então pouco frequentadas. Chama a atenção, a quantidade de conquistas nas quais mulheres tiveram seus nomes citados como “conquistadoras”.

Luzia de Freitas Caracciolo, associada do CE, sempre foi uma mulher a frente de seu tempo. Em 1933, quando as mulheres sequer tinham o direito de usar calças compridas em público, ela foi a primeira mulher a atingir o cume do Dedo de Deus, usando calças sob uma saia.

Desde Dona Luzia, muitas foram as batalhas veladas e preconceitos que as mulheres tiveram que enfrentar para estar nas montanhas. Mas o importante é que muitas delas venceram essas batalhas pelo amor as montanhas.

Até aproximadamente os anos 80, o número de mulheres praticantes subiu gradativamente. A partir dos anos 90, associados as mudança na cultura e a abertura cada vez maior do espaço feminino, o aumento se tornou exponencial.

Hoje é fácil reunir cerca de 200 mulheres no festejo do Dia Internacional da Mulher.  Esse evento, aliás,  entrou para o calendário de festividades realizadas anualmente no Rio de Janeiro como marco da presença feminina no esporte nacional, veja mais em: www.mulheresnamontanha.com.br.

 

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