Pessoal,

O nosso amigo e grande escalador Miguel Monteza organizou uma palestra sobre a Conquista da via Patrick White.

 

QUANDO: Quinta-feira, dia 9 às 19:30h.

LOCAL: CE Carioca
Rua Hilário de Gouveia, 71 / 206
Copacabana – Rio de Janeiro
Tel: 2255-1348
Email: cbm.cec @gmail.com

 

Patrick White – uma via à frente do seu tempo
Dia 09/08/12 às 19:30h no CEC (Rua Hilário de Gouvêia, 71 sl 206)

 

Venha ouvir as aventuras da conquista, diretamente dos conquistadores: Penacho, Zé Carlos Almeida e Rogério de Oliveira

O Jean-Pierre, que ajudou na última investida, também vai estar lá.

 

Esperamos vocês lá!!

A Diretoria do CE Carioca
www.carioca.org.br

 

Para quem escala a menos tempo, houve mais uma conquistador, o exímio escalador Rodolfo Chermont, que já não está mais entre nós.

 

Introdução à palestra desta QUINTA:
Mensagem enviada pelo Miguel Yalom, filho do conquistador José Carlos

Fala pessoal, parabens pela escalada! Quando vi o email relatando o fato, logo envie para meu coroa, um dos conquistadores da via, José Carlos. Lendo este relato, parece que ele escalou a via novamente. Segue aqui sua lembrança:

 

Miguel,

Acabei de chegar ao cume do Irmão Maior….que emoção caraca, que escalada linda. Senti e me relembrei de cada agarra…. a dúvida de por onde seguir, a constante sacada da base lá embaixo na reta vertical, a lembrança do sufoco do Rodolfo no Pesadelo cuspindo saliva empedrada de pavor, com a queda iminente que poderia me levar também, por conta de segurança pra lá de precária no ombro!

E o auge máximo da emoção … a fissura q entrou pra história (pelo menos, a minha, do meu tempo) …2001, a minha odisséia no espaço! A descrição do escalador foi precisa, dum jeito tal que me minhas mãos suaram como naquele dia. Só que no meu caso era final da tarde, depois de um longo dia de conquista, e o plano de dormir no “platô das maravilhas”, para terminar a conquista no dia seguinte, na 6a investida.

… os músculos dos braços já retesados e com cãibras … no meio do lance, pela segunda tentativa seguida,  eu empaquei, e fazendo minhas as palavras do escalador …”com a lateral do braço, cotovelo e pé entalados”, tomei a fatídica decisão:   …”vou fazer esta porra em oposição” , …..com a mão esquerda segurei a borda da fenda por baixo da mão direita e numa manobra de trapezista mudei de técnica, …quando me dei conta estava fazendo uma oposição que já estava quase no meu suvaco de tão aberta e em negativo para a esquerda,  … de repente o braço ágil parou de responder aos comandos, dando tempo somente de avisar ao grande Penacho … ” segura que vou cair porra!!!”.

Numa reação å forca da oposição, fui projetado pra fora e pra trás; tinha feito 2 costuras em cunha dupla (que nós mesmos fabricávamos!) com cordinha de 6mm de nylon, com a queda a ultima  a uns 4m abaixo não aguentou e se desfez, no tranco uma alca da corda me laçou pela perna, me virando de cabeca para baixo.

No total, foi um “mergulho de cabeça” de uns 12m, em direção a base. O negativo, que a princípio amedrontava, foi a salvação; porque fui lançado pra fora, ficando pendurado, sem bater na pedra um só momento. Penacho, coitado, que estava entalado na base de uma chaminé estreita, dando segurança no ombro, foi sacado para fora, se ralando um bocado, mas em estado de choque, me segurou nesta vida.

Depois disso tudo, a noite foi sinistra, dormindo sobre estribos, entalado em fenda, trocando o peso do corpo de cada pé, a cada hora e revendo incessantemente aquele filme em câmara rápida, até o dia amanhecer. Tinha sido meu 1o tombo, depois de 3 anos de escalada, aos 17 anos. O resto… é outra estória.

É provavel que já tenha te contado tudo isso, desculpa aí. É que hoje, com o relatório do escalador, revivi tudo, tão intensamente, que deu nisso.”

Tomei a liberdade de compartilhar isso aqui, a final faz parte da história do clube.

 

Um abraço,

 

José Carlos