Via “O Coisa” – Morro do Moreno/E.S – Foto: Pedro Pires

Ela começou a escalar há pouco mais de 4 anos, venceu o medo da altura e com muito treino e dedicação está cada dia mais forte na escalada esportiva. Conheçam um pouco mais da escaladora Diandra Pittella.

 

Nome: Diandra Pittella
Idade: 35
Cidade: Sou de Belo Horizonte/MG mas moro em Vitória /ES

Profissão: Professora

 

Quando e como foi o seu primeiro contato com a escalada?
Em 21 março de 2010, domingo, foi o meu primeiro contato com a escalada esportiva. André Bizarria (escalador), um aluno meu da faculdade em que dava aula na cidade de Montes Claros/MG, me chamou e fui. Escalei usando os equipamentos dele, foi um dia tão divertido, ao mesmo tempo sentia raiva/decepção por não ter conseguido fazer a via (5°) no CEP  – Campo Escola Pedreira. Na quarta já estava em contato com o Raphael Donato que me orientou a comprar os equipamentos pessoais, e no sábado já estava fazendo curso com ele. Não parei mais. Sempre evoluindo. Em menos de um mês as kdenas começaram a aparecer, mas a mais marcante foi em Diamantina, um 6sup na Gruta do Salitre, kdena, a vista, e a via é muito alta, talvez uns 27m. Foi incrível. Perguntei ao Rapha se eu dava conta e ele respondeu claro, kmonnnn!  E lá fui eu… quando desci, ele disse: você é doida demais! Achei que você não ia dar conta! Foi IRADO! Depois não parei mais. Sempre viajando (Espírito Santo, Cipó, São Bento, Antão, Lapinha, Rio de Janeiro, Visconde de Mauá, Volta Redonda, Perú, Chile, entre outros) e escalando sempre.

 


Foto: Felipe Sertã

Qual o estilo preferido de escalada pra você ?
Desde o início faço escalada esportiva. É a que me motiva, fazer força, treinar pra conseguir fazer o que quero e depois escalar as vias na curtição. Vias que antes eram tão difíceis, agora é puro tesão, diversão e alegria.  Comecei a gostar de treinar, ai só está sendo questão de tempo paras vias saírem.

 

Como são as vias e montanhas na sua região ?
O Espírito Santo é uma região maravilhosa pra escalar. Existem vários tipos de escalada por aqui. Os setores de escalada esportiva são diferentes uns dos outros, e consequentemente, com qualidades e tipos de vias diferentes, que chegam até o 9c, por enquanto, possíveis décimos aparecendo como projeto. Agarras pequenas, machuquentas, regletinhos, faquinhas, aderência, um tal de vai que fica, que tive que aprender a escalar aqui, principalmente vias de 5, 6 graus, que possuem mais aderência, mas as vias de sétimos e oitavos são lindas. Cada dia mais apaixonada pela escalada!

 


Via “Tempo de Chuva” – Calogi/E.S – Fotos: Naoki Arima

 

É verdade que você tinha ou tem um certo medo de altura? Pode contar pra gente um pouco mais sobre isso e como faz para vencer esse obstáculo pra você ?
Pois é verdade. Desde pequena, coisas como escada sem proteção, chegar perto de janela em andares altos, ponte mole de arborismo, chego a ficar arrepiada. Isso tudo mexia muito comigo. Depois que comecei a escalar isso foi melhorando. No inicio da escalada até ficar ancorada para desequipar a via, fazer o rapel, eram momentos de muita tensão pra mim. Acho que quanto mais confiava em mim mesma, tudo ia melhorando. Ter mais força, mais consciência do meu corpo e me conhecer, foi o que fez esse medo melhorar. Hoje acredito ter menos medo.

 

Você costuma treinar durante a semana ?
Sim, o tempo que posso. Desde outubro estou fazendo musculação 3x por semana. Voltada mais para o que preciso fortalecer para escalada, mesmo trabalhando tudo na academia. Fiz um post do meu treino no meu blog, acesse aqui!

Além da musculação, tenho um pequeno muro em casa, que trabalho resistência 2X por semana (300 muvs). Junto com finguer e campus. Mas olha, é muito difícil treinar sozinha em casa. Além das corridas nos dias que não treino no muro.

Muitas vezes estou indo treinar na casa do Felipe Sertã, um grande amigo, que está me ajudando a treinar no muro, estilo de escaladas que não estou acostumada, e estou feliz com a evolução.

 


Elas na Pedra – Foto:Felipe Belisário

 

Como foi pra você participar do filme Elas na Pedra ? Pode nos contar um pouco sobre como as coisas aconteceram desde o convite até ver o filme pronto ?
O ELAS foi um presente! O convite foi feito pelo Afeto e Naoki, amigos e escaladores aqui do ES a pedido da Ana Lígia, produtora e idealizadora do projeto. Eu tinha acabado de mandar o FFA da via Expresso da Meia Noite (8a br), estava sem projetos, final do ano, e surgiu este convite. A Ana Lígia é linda demais, sempre com uma energia boa, simples, positiva, fomos trocando ideia, e logo gravamos. Um desafio, pois a via tem 30m, e com poucos recursos para filmar, mas o resultado de uns 3 dias de gravações foi excelente. Deixar registrado imagens de Calogi, que é um lugar que sou apaixonada, estar com amigos, e saber que isso tudo podia motivar mais meninas a escalar, e que elas podiam mandar vias fortes, simplesmente foi um projeto muito feliz. E, claro, conhecer as outras 4 escaladoras, que só conhecia por e-mails e mensagens, foi sem palavras. Cada uma mais fofa que a outra. Tivemos oportunidade de nos encontrar em São Paulo/SP e na Lapa do Antão/MG, momentos que o filme nos proporcionou.

 


Bouder na Ilha do Boi – Foto: Naoki Arima

 

Quais são os seus projetos para 2014?
Aqui no Espírito Santo tem uma via que me testa a cada entrada, que é a Linha final (8b). E voltar ao cipó depois de mais de um ano sem estar lá, e treinando, sei que vários projetos e kdenas vão aparecer.

 

Gostaria de deixar um recado para as meninas?
Acho que quanto mais as meninas gostarem de treinar, mais vão gostar de escalar. Quanto mais forte e mais flexíveis formos, mais diversão teremos na escalada. Treinem bastante agachamento, rsrsrsrs,  não sabia que ia me ajudar tanto na escalada. Escalem com frequência, isso vai fazer o corpo responder à evolução.

E sempre se divirtam! Riam de tudo, das kdenas, das quedas, das nossas imperfeições, dos medos, dos desafios. Riam!

 

Você pode ver mais fotos da Diandra na nossa galeria “Na Montanha” – clique aqui {+}

Diandra Pittella tem apoio da Planeta Vertical  

 

 

Entrevista concedida ao Site Mulheres na Montanha em fevereiro de 2014

Por:  Adriana Mello